SINOPSE
Há jogos que se popularizam pelo mundo, ultrapassam os limites dos palácios, escorrem como sangue, inundam as ruas e entram pela fresta da porta de nossas casas. Jogos com regras rígidas e penalidades severas. Jogos que atravessam milênios e pelos quais se mata e se morre. Todo jogo é um campo de batalha.
A peça traz uma leitura contemporânea de diversos aspectos da tragédia grega a partir do clássico Antígona, de Sófocles, buscando dialogar com nossas tragédias contemporâneas e com a situação atual do país. Em volta de uma mesa de sinuca, os atores elaboram ações e tensões sobre os jogos de poder, a parcialidade da justiça, a banalização da violência e o apagamento da história.
Texto de Ricardo Alves Jr. - diretor de Tragédia.
O Quatroloscinco é um dos grupos mais originais e instigantes da cena teatral mineira. Os quatro atores-criadores experimentam o fazer teatral em diálogo direto com questões contemporâneas, numa atuação focada no potencial performático em relação aos espectadores e na pulsão poética das palavras. O espetáculo Tragédia, da perspectiva do processo de direção, se desenhou como criação horizontal. Um diálogo fluido entre proposições dramatúrgicas, criação performativa e encenação, o que se inspira e reflui no processo de criação coletiva experimentado pelo grupo ao longo dos anos.
Neste novo trabalho, lançamo-nos ao desafio de olhar para a tragédia grega por meio de uma perspectiva que busca ressignificar o mito sob a experiência da angústia dos nossos dias. Os interstícios entre o teatro e o cinema exploram dinâmicas imagéticas: a projeção em tempo real, captada pelos atores. O desafio de performar em registros distintos – a corporalidade e espacialidade próprias do palco em contraposição ao intimismo e atuação confessional exigidos pelo enquadramento da câmera – resulta em um câmbio perene que se expressa de modo orgânico, ao mesmo tempo que resvala na dimensão simbólica do arquétipo trágico. A encenação se lança ao desafio constante de compor um todo por meio do fluxo entre linguagens – verticalizando suas potencias - para transpor para a cena a tragédia antiga e “eterna” do indivíduo insubmisso, comprometido e ético em conflito com um poder tirânico que insiste em tentar apagar os seus crimes, impondo a mentira e o esquecimento como norma.
Ricardo Alves Jr.
Cineasta formado pela Universidad del Cine, em Buenos Aires. É diretor de teatro e Cinema.
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